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Inteligência sexual e a vida feliz e saudável



Nascemos e crescemos em ambientes repressivos. Tão violentos que despertavam curiosidades, desvios e riscos à saúde física e mental.
O desejo sexual, que aos poucos vai se intensificando com a idade, foi, para mim, motivo de abandono da religião que aceitei por influência materna. Não entendia como algo tão forte e natural pudesse ser a base de tantos pecados. Antes de ficar neurótico decidi não assumir qualquer religião, ser apenas atento às questões da Natureza, procurando entendê-la, ser feliz e viver em paz com a minha consciência.
Lendo, estudando, procurando avidamente livros, bons livros de filosofia, psicologia, sociologia e até política pude convergir para algumas conclusões que aos 68 anos atrevo-me a dizer, mais ainda vendo com tristeza tantos escândalos dentro de instituições que teimam em manter padrões antinaturais de comportamento e a tristeza e frustrações de pessoas que amo.
A Natureza ensina. Quem já criou passarinhos deve se lembrar do relacionamento e acasalamento dos Psitaciformes, ou seja: papagaios, periquitos, araras, etc..
Se existe algo que vale ficar olhando durante o dia e até ao anoitecer é o afeto que desenvolvem entre si, formando casais que duram enquanto estiverem vivos. O jogo sexual é intenso culminando com a cópula, mas cultivada permanentemente num relacionamento charmoso, maravilhoso.
Podemos perguntar, e os seres humanos que se dizem racionais?
Desde a antiguidade o medo é a principal marca da Humanidade. Frágil diante dos fenômenos naturais tinha, por exemplo, no sacrifício ritual de seres semelhantes a principal arma de negociação com o que imaginava como deuses, espíritos, seres superiores enfim. Paralelamente, na preocupação de disciplinar, dominar e criar padrões de avaliação de submissão criaram rituais e regras sociais que demonstrassem “temor a Deus(es)”. Essa arma de dominação é tão eficaz que até hoje, pleno século 21, tempo de intensa comunicação, é aceita e aplicada sem limites.
O resultado de tudo isso é a infelicidade provocada por taras, neuroses, comportamentos antissociais e até guerras “santas”.
É até interessante ver nas prateleiras das livrarias a falta de livros sobre inteligência sexual, carícias e afeto. O relacionamento humano virou um BBB permanente, onde atletas do sexo de diversos tipos se vangloriam simplesmente de “fazer sexo”, sem amor, sem preocupação com o parceiro.
Quanta estupidez!
A felicidade é o grande desafio de qualquer pessoa, comunidade, nação e de todos os povos, felicidade não agressiva, da contemplativa à sexual. Temos muitos trabalhos, excelentes obras literárias chamando a atenção para propostas paralelas, falta, contudo, um tratado sobre o bom relacionamento sexual, afetivo e carinhoso.
É típico das mulheres sonharem com príncipes encantados. Eles podem existir com qualquer cara, roupa, educação desde que saibam se relacionar com elegância e dedicação à parceira, e vice versa.
Quantos homens nascem, crescem, casam, vivem e morrem sem nunca terem experimentado carinhos sexuais na sua plenitude. Por quê? Com certeza principalmente as mulheres de “boas famílias” são ainda, frequentemente, educadas para se comportarem virtuosamente, escondendo seus desejos, tratando o sexo como algo nojento, apenas necessário para a procriação. O resultado disso é fácil de ver em bordéis e aventuras extraconjugais, onde todos se soltam sem medo de ofender e desafiando os deuses, aos quais pagarão penitências, farão doações, confissões e assim por diante.
Queremos, precisamos discutir com profundidade o sexo com amor, carinho e encantamento. Isso não é usar cosméticos e roupas complicadas, é simplesmente aprender e cultivar a sensibilidade das pessoas que nos atraem sexualmente.

Cascaes
18.3.2013






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