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Reinventando o casamento

A desestatização do casamento
O casamento formal no ambiente de Estado é uma tentativa canhestra de imitação das uniões religiosas. É até cômico ver e ouvir Juízes de Paz dando sermões e criando encenações.
As cerimônias de casamento estão deixando de ser o que deveriam ser para se transformarem em espetáculos de mau gosto, entre muitas coisas transformando os convidados em “extras” de filmes sobre cerimônias luxuosas e simplórias.
No Brasil, um país gigantesco, multicultural e sem unidade além da língua e algumas coisas mais (?) a imposição de cerimônias e contratos é algo até ridículo, não deixando de ser natural o desprezo por leis feitas em ambientes distantes do povo.
A maior liberdade e a acessibilidade a sistemas de informação e lazer facilitam a dispersão de conceitos e certezas. A insistência em padrões do milênio passado vai se tornando ineficaz. Nossa sociedade emergente mergulha na frivolidade e em teatrinhos do ridículo (GIKOVATE, 2014).
É gratificante descobrir em um bom livro (Justiça, 2013) uma rápida, mas substancial análise com o título “CASAMENTO ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO” (pgs. 314 a 321) e lembrar os conflitos entre profissionais religiosos e o esforço de se criar estados laicos por excelência.
No livro Justiça (citado) encontramos uma excelente análise sobre a importância do liberalismo moral e institucional, a autonomia dos cidadãos assim como seus direitos e deveres, tendo como cenário básico a situação da Justiça e o comportamento dos juristas dos EUA, excelente, mais ainda quando sentimos o Brasil derivando para ideologias totalitárias.
Acima de tudo é essencial a luta pela liberdade sem hipocrisias e atavismos, o casamento formal é um deles.
Nada mais lógico do que deixar a união cheia de juras eternas para as religiões, cada uma delas com seus contratos implícitos.
O Estado precisa se concentrar no que lhe é devido, ou seja, a proteção das crianças, aí sim, exigindo compromissos formais e severos daqueles que querem “casar de papel passado”.
Ou seja, temos aí um belo desafio de semântica e legal, como reinventar o casamento laico?
O que vemos, sabemos e sentimos é que nada resiste a vontades que mudam.
Pode-se fazer cerimônias fantásticas (a Casa Real Inglesa é especialista nisso) que o que parecia eterno dura pouco se faltar um conjunto de qualidades e condições de manutenção.  Até entre famílias altamente comprometidas com as lógicas mais solenes o casamento fracassa quando exposto a situações estranhas e simplesmente segue os ditames de glândulas e tentações eventualmente irresistíveis.
Naturalmente existem questões administrativas e de Direito que se avolumam quando duas ou mais pessoas resolvem coabitar. Isso pode ser resumido e contratado, proposto e acordado entre as partes no mundo laico, assim como os efeitos de instituições, leis e decretos estatais.
Nos templos o relacionamento ganha outros formatos, mas o que se faz lá deve permanecer no tribunal etéreo. As punições são tão severas após a morte que devem ser suficientes aos infratores crentes.
A hipocrisia é um câncer político e social.
Ao longo da história da Humanidade ela foi estimulada, pois era a base de dominação de classes mais “espertas”.
Devemos e podemos agora encarar a vida tal como ela é num Universo complexo e desafiador. Aos poucos os seres humanos mais estudiosos devem estar percebendo a nossa incapacidade de fazer afirmações morais a partir da vontade de seres que não somos capazes de entender.
Aqui a vida é suficientemente desafiadora para lhe acrescentarmos firulas em papel timbrado.
Sendo realistas, vamos rever cerimônias e rituais antigos e já distantes de suas motivações?

Cascaes
2.2.2014
GIKOVATE, F. (29 de 1 de 2014). O CONSUMISMO DA ELITE É DESESPERO. Fonte: ÉPOCA NEGÓCIOS: http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Visao/noticia/2014/01/o-consumismo-da-elite-e-desespero.html
Sandel, M. J. (2013). Justiça (12 ed.). (M. A. Heloísa Mathias, Trad.) Civilização Brasileira.



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